Grifos

Gyps fulvus
 
Taxonomia:
Família: Accipitridae
Espécie: Gyps fulvus (Linnaeus 1758).
 
Estatuto de Conservação:
Global (UICN 2004): LC (Pouco preocupante).
Nacional (Cabral et al. em publ.): NT (Quase ameaçado).
Espanha (Madroño et al. 2004): LC (Pouco preocupante).
SPEC (BirdLife International 2004): Não SPEC (Espécie com estatuto de conservação favorável, não concentrada na Europa).
 
Protecção legal:
  • Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, Transposição da Directiva Aves 79/409/CEE de 2 de Abril de 1979, com a redacção dada pelo Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro - Anexo I

  • Decreto-Lei nº 316/89 de 22 de Setembro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Berna - Anexo II

  • Decreto-Lei n.º 103/80 de 11 de Outubro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Bona - Anexo II

  • Decreto-Lei n.º 114/90 de 5 de Abril, transposição da Convenção de Washington (CITES), Regulamento CE nº 1332/2005 de 9 de Agosto (alteração ao Reg. CE nº 338/97 de 9 de Dezembro) – Anexo II-A

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    Fenologia: Residente.
     
    Distribuição:
    Global: Espécie com distribuição essencialmente Paleártica. Na Europa nidifica na Albânia, Bulgária, Espanha (incluindo as Ilhas Canárias), França, Grécia, Itália, Moldávia, Portugal, Roménia, Rússia, Turquia e Ucrânia (BirdLife International/European Bird Census Council 2000).
    A espécie é residente mas algumas aves (sobretudo juvenis) migram, realizam movimentos migratórios pós-nupciais para os Estreitos de Gibraltar e de Bósforo em África (provavelmente no Sul do Sahara) e Arábia (Arroyo 1994).
    Nacional: Em Portugal a maior parte da população de Grifos encontra-se confinada aos vales alcantilados do Douro superior e seus afluentes (Rufino 1989) e Tejo (troço internacional) e seus afluentes, havendo alguns casais na Serra de S. Mamede e na zona de Barrancos.
     
    Tendência Populacional:
    A população tem sido recenseada com regularidade desde 1989, quando se realizou o primeiro censo desta espécie a nível nacional, tendo sido observado um aumento significativo, nomeadamente duplicou o efectivo em alguns sectores. Em termos de distribuição o incremento não foi proporcional, sendo apenas ligeiro na região nordeste enquanto que na Beira Baixa assumiu maior proporção. A espécie não instalou núcleos estáveis e representativos a sul do Tejo.
     
    Abundância:
    Segundo o último censo da espécie (Berliner et al. 2001) a espécie possui em Portugal um total de 262-272 casais, correspondendo a menos de 3% do efectivo existente na Península Ibérica.
     
    Requisitos ecológicos:
    Habitat: Ocorre numa grande variedade de zonas abertas com poucas ou nenhumas árvores, em planícies, montanhas ou planaltos montanhosos, evitando florestas e áreas densa de vegetação, zonas húmidas, lagos, e estuários ou zonas marinhas (Arroyo 1994).
    No nosso país o seu habitat de nidificação corresponde exclusivamente a escarpas rochosas de grande dimensão, associadas a barrancos fluviais ou cristas montanhosas. Faz o ninho em saliências ou pequenas cavernas nas escarpas, protegidas de ressaltos, e raramente em árvores. Os ninhos de anos anteriores são reutilizados em anos sucessivos (Cramp & Simmons 1980).
    Em Portugal o seu habitat de alimentação corresponde a campos desarborizados onde se realiza aproveitamento pecuário extensivo, como matos esparsos, pastagens de montanha, estepe cerealífera, mas também montados de sobro e azinho. Nas zonas de alimentação necessita de uma ampla extensão de correntes ascendentes em zonas montanhosas (vertentes onde se concentram manadas de ungulados), ou correntes térmicas em zonas desérticas abertas, estepes, ou outro tipo de terrenos secos.
    Procura frequentemente nascentes, regatos e charcas, para se banhar e beber água.
    Na dormida é comunal e nocturno em grupos desagregados, usualmente em saliências em escarpas ou em afloramentos rochosos. O local é tradicional e muitas vezes coincide com o local das colónias em nidificação, mas temporariamente pode situar-se junto ao local de alimentação. Também pode formar dormitórios em árvores, em geral localizados em zonas com elevada disponibilidade de cadáveres.
    Abandona o local de dormida assim que a temperatura aumenta o suficiente ou as condições do vento se tornam propícias para planar.
    Alimentação: Espécie necrófaga. Alimenta-se de tecidos macios (músculos, vísceras) de mamíferos de médio a grande porte. Por vezes realiza movimentos migratórios em grupos para explorar periodicamente zonas de alimentação que se encontram indisponíveis em áreas inóspitas.
    Provavelmente utiliza uma maior área de busca do que outros abutres europeus. Detecta os cadáveres através da visão, muitas vezes pelo movimento de outras aves, no solo ou no ar.
    Reprodução: Colonial, embora ninhos isolados possam ocorrer. Crias nidícolas. Ambos os progenitores alimentam as crias por regurgitação (Cramp & Simmons 1980). O período de nidificação decorre entre Dezembro e Agosto.
     
    Texto retirado de Plano Sectorial da Rede Natura, ICNB, Janeiro de 2006